Educação Inclusiva; Educação Especializada na Perspectiva da Educação Inclusiva e a Flexibilização de Conteúdo.
Gostaria de esclarecer algo importante sobre Educação Inclusiva; Educação Especializada na Perspectiva da Educação Inclusiva e a Flexibilização de Conteúdo.
A Educação Inclusiva, parte do princípio da igualdade de oportunidades e acesso;
Constituição Federal, Art. 206 (*) O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
I – igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
III – pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas.
Significa que na sala de aula, nos espaços educacionais, à todas as pessoas, devem ser oportunizado, aprendizado, convivência, interação num mesmo ambiente de forma dinâmica e naturalística, num sistema de pluralidade de ideias e metodologias, onde todas as atividades propostas objetivam a participação de todos os alunos e alunas, conjuntamente, sem distinções.
São práticas pedagógicas menos conservadoras que primam pela participação do grupo e não exclusivamente seu desempenho, por quê o critério de desempenho é também subjetivo, pois aceita a singularidade do processo de aprendizagem de cada aprendiz. Isso não significa que não haja objetivos mensuráveis nesse processo, claro que há, mas não são engessados na forma que será aplicada, estabelecendo uma única metodologia; apropriasse do melhor processo de aprendizagem ao aprendiz, mas não limita-se a um único meio de aprendizagem. Pluralismo de ideias e concepções, esse é o princípio. Entretanto é uma pedagogia muito, muito desafiadora, pois retira a aplicação de uma educação de “padronização do grupo”, que é a pedagogia tradicional, comumente às escolas comuns, regulares atualmente. Retira, até, essa ideia de média escolar, que é também tratar o aprendiz na perspectiva de uma média que estabelece “mediocridade”, do aproveitamento do que foi “ofertado” pela escola; esse é resultado de um processo de escolarização que advém da Revolução Industrial, visando uma preparação “técnica”, para inserção num “mercado de trabalho e competitividade” na vida adulta. São princípios educacionais poderia dizer, mais “cartesianos”.
“O método cartesiano, desta forma, consiste na ideia de regras certas, fáceis e válidas que, em nenhuma hipótese, levam ao erro, ainda que aplicadas por diferentes pesquisadores. A pesquisa metódica, portanto, gera somente conhecimentos indubitáveis, sem a interferência de “acasos”, utilizando apenas a luz natural da razão; Cadernos da Fucamp, v.17, n.29, p.101-111/2018″.
O Ensino Inclusivo propõe o desenvolvimento de um educador, de uma pedagogia que possua uma visão sistêmica e interdisciplinar, na perspectiva para todas e todos.
“A ausência do pensamento sistêmico estaria gerando deficiências na formação dos profissionais, que estariam sendo influenciados negativamente em seus estudos, desde a
sua formação acadêmica; e assim estariam em função disso assumindo decisões precipitadas; uma vez que não estaria levando em conta o todo, ou seja: todos os elementos
possíveis, que poderiam estar influindo na análise do problema a ser resolvido, o que tornaria a análise incompleta.A formação desse pensamento, em grande parte, como se sabe, se faz nas escolas, como indicou o relatório elaborado para UNESCO (1986), onde segundo Delors (et at,1986), que propõe uma educação continuada alicerçada nos quatro pilares : aprender-conhecer, aprender-fazer, aprender-viver juntos e aprender – ser, tendo a garantia desses saberes na escola
SHIBUYA, Wilson.
O pensamento Cartesiano no Processo do Ensino-Aprendizagem na área tecnológica do ensino superior”.
Um exemplo, do que consiste a Educação Inclusiva na sua pratica, uma matéria pode ser levada, com práticas pedagógicas diferenciadas, experimentadas concomitantemente pela turma, e até elaborada pela turma, indicada pelos jovens e crianças de que forma gostariam de aprender aquele assunto por exemplo.
Uma atividade onde a educadora partilha de objetivos e desafios para cada estudante, para a sala, mas considera primordialmente a experiência que cada aluno deve ter nesse processo; sendo assim alguns serão levados a aprender e registrar o aprendizado de uma forma e outros de outra. O desafio é grande. Não existe, sistema X, ou Y; existem metodologias dinâmicas.
A Educação Inclusiva não trata apenas de Pessoas Com Deficiência, ela se refere a todas as pessoas incluídas da Educação.
A Pesquisadora Dra. Eunicéia Mendes em recente artigo, que dispõe sobre o futuro da Escolas Especiais no Brasil, aponta a seguinte consideração e definição sobre a educação inclusiva na perspectiva da educação especial.
“A despeito do aparente consenso sobre o princípio filosófico da inclusão escolar,
dificilmente, se encontra na literatura uma definição precisa para o termo, mas, a princípio, o atributo tem sido definido como a oportunidade de plena participação dos alunos com necessidades educacionais especiais nas salas de aula do ensino regular e na escola. Smelter, Rasch e Yudewitz (1994) descrevem a inclusão escolar como a prática de “inserir os estudantes da educação especial nas classes comuns do ensino regular, levando com elas os suportes que precisam, mais do que as tirando para os serviços de apoio” (p. 35): Lipsky e Gartner (1977) definem inclusão como: A provisão de serviços para estudantes com deficiências, incluindo aqueles severamente incapacitados, na escola da vizinhança, em classes comuns de crianças de idade apropriada, com o suporte necessário de serviços e apoios suplementares (para a criança e ao professor), de modo a assegurar o sucesso acadêmico, comportamental e social e preparar a criança para participar plenamente como membro contribuinte da sociedade (1997, p. 763)”.
A Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, desafia o educador a propor conhecimentos especializados de áreas intersetoriais, referentes à linguagem, mobilidade, reabilitação, comportamento, metodologias, acessibilidade das pessoas com deficiência dentro de um contexto que promova ao máximo a singularidade de aprendizagem dos estudantes, mas não individualizados como uma tarefa ou programa à parte desse processo educativo. Esse desenvolvimento é conjunto com toda sala de aula. Para tal, deve se valer da identificação de barreiras, e de um desenvolvimento de programa educacional onde em hipótese alguma seus objetivos individualizados não dialoguem com os da turma. Por exemplo, se vamos estudar “escravidão”, todos tem acesso a essa matéria e lhe é oportunizado o conhecimento com o sistema de acessibilidade necessário para isso. Esse sistema de acessibilidade é uma dimensão de estratégias, serviços de apoios, metodologias que devem estar a dispor do aluno que a necessita. Os objetivos de aprendizagem individualizados desse aluno, devem acontecer, ser mensuráveis nesse contexto! A ideia de que o Ensino Inclusivo, não pressupõe o conhecimento especializado é um equívoco enorme de quem não compreende a Educação Inclusiva ou a acha trabalhosa demais, ilusória. Educação Inclusiva é uma ciência, não advém de achismos ou boa vontade. É necessário compromisso, estudo e dedicação das escolas em sua implementação. Pois ela ultrapassa sistemas únicos de ensino. Outros, em maioria, compreendem a Educação Inclusiva na perspectiva Integracionista, o que se faz um grande equívoco e que no geral os professores (as) que não tiveram acesso ao conhecimento de Educação Inclusiva em suas formações, acabam erroneamente compreendendo Integração como Inclusão.
A Integração é um outro Sistema de Educação, que consiste em atividades específicas e separadas para alunos com deficiência, com objetivos específicos, ambientes específicos, às vezes no grupo, outras não, determinando se podem ou não receber um tipo de conhecimento, em detrimento de outro. A adaptação de flexibilização de conteúdo é um processo realizado no sistema de Integração, por que parte do princípio do que o aluno pode ou não aprender. No Sistema Inclusivo essa adaptação curricular não existe mesmo, por quê você oportuniza o conhecimento, o cerne do conhecimento, o objetivo central do conhecimento e se vale de todo sistema de adaptações para tal; O conhecimento chega ao aprendiz, se eliminam barreiras para a sedimentação dessa aprendizagem. A Integração é reducionista nesse sentido, o professora adapta um material , age pontualmente.
Para garantia de todo esse Sistema Inclusivo de Educação para Pessoas com Deficiência, existe o direito ao Atendimento Educacional Especializado, o AEE, como é reconhecido. Esse Atendimento Educacional Especializado não é uma única ação, é um Sistema de ações dinâmicas onde os objetivos específicos desse aluno (a) serão trabalhados para seu amplo desenvolvimento, sua generalização e interação com todo ambiente educacional. O Atendimento Educacional Especializado, identifica barreiras, propõe ajustes, acessibilidade, contribui com professores regentes, agem mutuamente. Não se limita a fazer adaptações. Entretanto garante a ação direita desse professor especializado com o aluno. Os saberes devem ser transversos e intersetoriais, agindo constantemente em toda escola. É elaborado pelos professores regentes das classes e disciplinas comuns, juntamente do profissional da educação especial e/ou por equipe multidisciplinar. A família tem dever e o direito de participar desse processo, garantidos através de nossa Politica Educacional de 2008. Todos se responsabilizam.
Em nosso país as escolas são constituídas através de 5 filosofias de Educação, aplicadas de forma isoladas e que se conversam entre sí: ABORDAGENS TRADICIONAL, COMPORTAMENTALISTA, HUMANISTA, COGNITIVISTA E SOCIOCULTURAL;
Vide: Filosofia da Educação, UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA : https://www.ufsm.br/app/uploads/sites/358/2019/06/filosofia-da-educa%C3%A7%C3%A3o-ISBN-ED-CAMPO.pdf
Entretanto não importa. Desde 2008 nossa Politica Educacional é Inclusiva. Todas as escolas devem aplicar a pratica da Educação Inclusiva; e a dificuldade se apresenta ai, pois as escolas precisam se modificar. Porém essa não é uma escolha e sim um dever da escola.
“A inovação na docência acontece quando: se rompe com a forma
conservadora de ensinar, aprender, pesquisar e avaliar; se reconfigura saberes, procurando superar as dicotomias entre conhecimento científico e senso comum, ciência e cultura, educação e trabalho, teoria e prática; se explora novas alternativas teórico- -metodológicas em busca de outras possibilidades de escolhas; se procura a renovação da sensibilidade ao alicerçar-se na dimensão
estética, no novo, no criativo, na inventividade; ganha significado
quando é exercida com ética (ORSO; LÜCKMANN, 2015, s/p.)”.
“O avanço da política de Educação Especial na Perspectiva da Educação inclusiva, em nosso país, deve, portanto, passar pela ampliação do acesso à escola pública e a melhoria na qualidade do ensino, implicando na criação de uma rede de suportes, preferencialmente, centrados nas escolas comuns e pelo uso flexível de diferentes tipos e provisões de apoio- Mendes, E. G. (2019).
A política de educação inclusiva e o futuro das instituições especializadas no Brasil. Arquivos Analíticos de Políticas Educativas, 27(22). http://dx.doi.org/10.14507/epaa.27.3167 Este artigo faz parte do dossiê especial, Políticas de Inclusão e Extensão da Obrigatoriedade Escolar, editada por Nora Gluz, Dalila Andrade Oliveira e Cibele Rodrigues” .
Conteúdo propriedade intelectual de Adriana Godoy; fevereiro de 2021. Citar Fonte Obrigatória.