Palestra – A família e o ensino inclusivo
O texto abaixo foi escrito para o evento realizado na Assembléia Legislativa de São Paulo por ocasião da data de 2 de abril de 2013, Dia Mundial do Autismo. Nessa data, falamos sobre inclusão escolar com outros convidados (pais e profissionais), a convite da Instituição Autismo & Realidade, onde sou Coordenadora do Grupo de Pais.
Meu texto foi inspirado no vídeo de Faith Jegede, sugiro ver o vídeo antes de ler o texto. Foi apresentado dessa forma na Assembléia Legislativa de São Paulo, com a finalidade de inspirar aos que nos ouviam, da mesma forma que me senti sensibilizada ao escrever.
(Adriana Godoy- Idealizadora do Autismo Projeto Integrar).
Então, em uma de minhas mais honrosas e desafiadoras tarefas que é falar sobre o papel dos pais na Inclusão, no dia de hoje, eu digo:
Se eu pudesse dizer algo ao meu filho eu diria você não precisa ser normal, você pode ser extraordinário!
E se eu pudesse dizer algo a vocês pais e a mim eu diria: Não me digam que sou normal!
Ser pai de uma criança especial só cabe a pessoas especiais, jamais seremos normais, jamais seremos comuns…
Você pode tentar mas essa roupa não te serve! Esse é nosso primeiro aprendizado de inclusão, aceitar a nossa parte especial da missão.
É preciso ter força, é preciso ter raça, é preciso ter graça, é preciso ter gana, sempre!
Cada queda deve ser revertida na mesma proporção de nosso impulso para levantarmos.
Devemos nos dar o direito de chorar desde que saibamos reverter nossas lágrimas em sorriso aos nossos filhos extraordinários!
Por isso a Inclusão é uma missão nossa!
Com as informações que temos hoje, podemos nos munir de ferramentas para a luta, agradecer o apoio de cada profissional que cuidam de nossos filhos, mas a luta em si, é nossa.
A inclusão não é apenas educacional, essa é uma pequena parte, a inclusão que vamos desbravar é uma inclusão social, devemos ser pioneiros e temos que aceitar isso.
E como fazer valer nossos direitos, os direitos de nossos filhos?
Respeitando a ignorância do outro e informando o ignorante a todo tempo.
Ajustando cada brecha que encontrarmos no caminho.
Vigiando e agindo sempre…
Inclusão: Do verbo incluir (do latim includere), significa conter em, compreender, fazer parte de, ou participar de.
Assim, em sua definição, falar em inclusão escolar é falar do aluno que está contido na escola, que participa da escola e do saber. Ele participa daquilo que a escola oferece e contribui com a sua capacidade naquilo que a escola apresenta para ele, seja um projeto, seja uma apresentação, seja um trabalho de grupo. Todos temos a capacidade de nos incluirmos em algo que por vezes nos parece impossível.
Que missão difícil essa!
Se pararmos pra pensar, quase que invertemos o jogo. Aqui a escola esta para o aluno e o aluno responde com seu potencial e não a escola determina o que o aluno deve seguir para que o aluno atinja o potencial que a escola determinou.
Verdadeiramente a inclusão é a evolução da sociedade!
Porque meu filho não autista também merece uma escola que garanta esse direito!
De qualquer modo vivemos hoje problemas que podem ser nomeados:
- A ignorância
- O preconceito causado pela ignorância
- O medo causado pela ignorância
- O desrespeito e descaso causado pelo preconceito
Todos os problemas citados são frutos do não saber: a ignorância.
E é por isso queridos pais que nossa posição é fundamental, nós somos o saber que chegará a escola.
Nós somos o Capitão que irá dizer qual direção nosso navio deve seguir.
E somos nós que devemos exigir que a escola cumpra o papel de educar seus alunos, sem distinção, assim como manda nossa constituição.
Devemos ser os chatos-simpáticos, prontos para uma resposta e prontos para questionar o que se tem feito efetivamente.
Devemos mostrar a todos o que é o autismo.
E juntos, apenas juntos é que vamos nos alimentar dessa força, dessa informação que devemos passar.
Nos respeitando sempre, cada um com sua decisão, mas juntos e certos de que a inclusão começa em nosso lar, com irmãos e primos, na vizinhança, na padaria, no mercado, no restaurante, no parque, no hospital, na escola.
Obrigada.
ADRIANA GODOY
7 comentários
Parabéns pela sua determinação, sua força e coragem! Os filhos são espelhos dos pais e por isso o Victor é um vitorioso assim como vocês! Tenho imenso orgulho de fazer parte desta história!
Obrigada, querida Bianca!
Você faz a diferença!
Simplesmente lindo!!! Esse e o nosso papel enquanto pais de anjos azuis, nao sei se era pra ser assim, mas que seja e que facamos a diferenca nessa sociedade, se temos q ensinar, entao vamos ensinar!!! Orgulho de ser mae de um anjo azul!!!!!!
Obrigada Márcia!
Acreditando Sempre!
muito interessante saber que tem mães que lutam contra os preconceitos e acima de tudo aprendemos somos guerreiras.
bom dia gostaria de tirar uma dúvida:meu filho estuda em uma escola particular,a escola é obrigada a disponibilizar um acompanhante especializado pra ele?pois na sala só tem a professora
Olá Cildo, esteja bem.
A escola é obrigada a matricular seu filho e a prover o estudo de forma inclusiva, procurando se informar a cerca do autismo e aplicar o ensino pedagógico ao aluno que nela se matricule, independente de sua especificidade ou dificuldade, de outra forma seria omissão e a omissão não é aceitável. Fundamental que essa inclusão aconteça através de uma parceria entre os pais e a escola. Importante entendermos que a inclusão é uma obrigação social e educacional e que a instituição educacional cumpre o seu dever legal de educar ao pratica-la com ação e verdade.
Porém o acompanhamento de uma assistente, deverá ser provido pelo pai do estudante. Não existe essa obrigatoriedade na Lei, no que se refere a escola. A escola não pode vincular a matrícula e essa questão. Ela é obrigada a matricula-lo quer tenha acompanhante ou não, mas não é obrigada a ser a responsável financeira nesta contratação.