Diagnóstico Precoce
ABAIXO TRECHOS CONTIDOS NO DOCUMENTO: LINHA DE CUIDADO PARA A ATENÇÃO ÀS PESSOAS COM TRANSTORNOS DO ESPECTRO DO AUTISMO E SUAS FAMÍLIAS NA REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (2015). Manual do SUS: Download através do link: Linha de Cuidado a Pessoa com TEA e Seus Familiares/ SUS (2015)
Detecção precoce de risco para os transtornos do espectro do autismo
A detecção precoce para o risco de TEA é um dever do Estado, pois, em consonância com os princípios da Atenção Básica, contempla a prevenção de agravos, a promoção e a proteção à saúde, propiciando a atenção integral, o que causa impacto na qualidade de vida das pessoas e de suas famílias.
É comum encontrar nos depoimentos de pais de crianças com transtornos do espectro do autismo a lembrança de que eles sempre perceberam que seus filhos, quando bebês, “eram diferentes”: recusavam as interações, sem o contato olho a olho, não respondiam aos chamados de voz, manifestavam a preferência de ficar sozinhos em vez de ser carregados no colo.
Os dados observados e a análise sistemática dos relatos dos pais de crianças com TEA indicam que 75% a 88% dos casos já apresentavam sinais indicativos da patologia antes dos 2 (dois) anos e, entre 31% a 55%, antes de 1 (um) ano (YOUNG, BREWER; PATTISON, 2003). Assim, reconhecem-se sinais típicos associados aos TEA antes dos três anos e, se detectados quando do seu surgimento, devem ser cuidados precocemente.
As dificuldades de comunicação e interação nos dois primeiros anos de vida vêm sendo minuciosamente estudadas por pesquisadores de diversas áreas. Alguns desses sinais já formam parte não apenas das pesquisas epidemiológicas e dos estudos longitudinais, como também de avaliações qualitativas, de maneira que acompanham a clínica de atendimento ao bebê.
Muitos estudos mostraram uma evolução positiva das crianças com transtorno invasivo do desenvolvimento (TID) quando uma intervenção precoce foi realizada, e isso não pode mais ser negado (GUTHRIE et al., 2012; ZWAIGEN BAUM et al., 2009; MAESTRO et al., 2001, 2002, 2005; SHANTI, 2008; CRESPIN, 2004).
Segue um quadro com características clínicas apresentadas por crianças em risco para TEA:
Quadro 1 – Características Clínicas de Crianças com Risco para TEA:
- De 6 a 8 meses: Não apresentam iniciativa em começar, provocar e sustentar interações com os adultos próximos (por exemplo: ausência da relação olho a olho). Não se interessam pelo prazer que podem provocar no outro. Silenciamento de suas manifestações vocais, ausência do balbucio, principalmente em resposta ao outro. Ausência de movimentos antecipatórios em relação ao outro. Não se viram na direção da fala humana a partir dos quatro primeiros meses de vida. Não estranham quem não é da família mais próxima, como se não notassem a diferença.
- De 12 a 14 meses: Não respondem claramente quando são chamadas pelo nome. Não demonstram atenção compartilhada. Ausência do apontar protodeclarativo, na intenção de mostrar algo a alguém. Não há ainda as primeiras palavras ou os primeiros esboços são de palavras estranhas. Não imitam pequenos gestos ou brincadeiras. Não se interessam em chamar a atenção das pessoas conhecidas e nem em lhes provocar gracinhas.
- Por volta de 18 meses: Não se interessam por jogos de faz-de-conta. Ausência da fala ou fala sem intenção comunicativa. Desinteresse por outras crianças: preferem ficar sozinhas e, se ficam sozinhas, não incomodam ninguém. Caso tenham tido o desenvolvimento da fala e interação, podem começar a perder essas aquisições. Já podem ser observados comportamentos repetitivos e interesses restritos e estranhos (por exemplo: por ventiladores, rodas de carrinhos, portas de elevadores). Pode aumentar seu isolamento.
Vinte questões de alerta! RECONHECENDO O RISCO DE TEA!
1. Seu filho tem iniciativa de olhar para seus olhos? Tenta olhar? (Não)
2. Seu filho tenta chamar sua atenção? (Não)
3. É muito difícil captar a atenção do seu filho? (Sim)
4. Seu filho tenta provocá-lo para ter uma interação com você e lhe divertir? Ele se interessa e tem prazer numa brincadeira com você? (Não)
5. Quando seu bebê se interessa por um objeto e você o guarda, ele olha para você? (Não)
6. Enquanto joga com um brinquedo favorito, ele olha para um brinquedo novo se você o mostra? (Não)
7. Seu filho responde pelo seu nome quando você o chama sem que ele lhe veja? (Não)
8. O seu filho mostra um objeto olhando para seus olhos? (Não)
9. O seu filho se interessa por outras crianças? (Não)
10. O seu filho brinca de faz-de-conta, por exemplo, finge falar ao telefone ou cuida de uma boneca? (Não)
11. O seu filho usa algumas vezes seu dedo indicador para apontar, para pedir alguma coisa ou mostrar interesse por algo? (É diferente de pegar na mão, como se estivesse usando a mão). (Não)
12. Seu filho, quando brinca, demonstra a função usual dos objetos? Ou, em vez disso, coloca-os na boca ou joga-os fora? (Não)
13. O seu filho sempre traz objetos até você para mostrar-lhe alguma coisa? (Não)
14. O seu filho parece sempre hipersensível ao ruído? (Por exemplo, tampa as orelhas). (Sim)
15. Responde com sorriso ao seu rosto ou ao seu sorriso ou mesmo provoca seu sorriso? (Não)
16. O seu filho imita você? (Por exemplo, você faz uma careta e seu filho o imita?) (Não)
17. Seu filho olha para as coisas que você está olhando? (Não)
18. Alguma vez você já se perguntou se seu filho é surdo? (Sim)
19. Será que o seu filho entende o que as pessoas dizem? (Não)
20. A sua criança olha o seu rosto para verificar a sua reação quando confrontado com algo estranho? (Não)
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Manual: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/linha_cuidado_atencao_pessoas_transtorno.pdf
Revisado em janeiro de 2017.